Documentos Essenciais para Recuperação Judicial

A imagem apresenta uma mesa de escritrio organizada com uma pilha de documentos formais sobre um fundo de madeira escura Os documentos esto dispostos em ordem com um checklist visvel no topo destacando itens como Exposio das Causas da Crise e Demonst-1

 

A petição inicial é o alicerce de todo o processo de Recuperação Judicial. Um pedido bem fundamentado e, principalmente, bem documentado, é o primeiro passo para demonstrar ao Judiciário a seriedade da situação e a viabilidade do soerguimento da empresa. A falta ou a inconsistência de qualquer documento pode levar ao indeferimento do pedido, atrasando ou até inviabilizando a proteção legal.

O artigo 51 da Lei nº 11.101/2005 estabelece um rol detalhado de documentos que são obrigatórios para instruir a petição inicial. A organização e a correta elaboração desses documentos são cruciais.

Abaixo, detalhamos cada um deles para que você possa se preparar.

Checklist de Documentos Essenciais (Art. 51, Lei 11.101/2005)

1. Exposição das Causas da Crise (Inciso I)

  • O que é: Um relatório detalhado explicando as razões que levaram a empresa à situação de crise econômico-financeira. É a narrativa que contextualiza os números, abordando fatores de mercado, problemas de gestão, crises setoriais, etc.
  • Importância: Justificar a necessidade da recuperação judicial e demonstrar a boa-fé do devedor.

2. Demonstrações Contábeis (Inciso II)

  • O que são:
    • Balanços Patrimoniais.
    • Demonstrações de Resultados Acumulados.
    • Demonstração do Resultado desde o último exercício social.
    • Relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção.
  • Período: Referentes aos 3 últimos exercícios sociais e os levantados especialmente para instruir o pedido.
  • Importância: Fornecer um panorama completo e transparente da saúde financeira da empresa, sendo a base para a análise de credores e do administrador judicial.

3. Relação Nominal Completa dos Credores (Inciso III)

  • O que é: Uma lista detalhada de todos os credores, incluindo:
    • Nome, endereço e CNPJ/CPF.
    • Natureza do crédito (trabalhista, com garantia real, quirografário, etc.).
    • Valor atualizado do crédito, com sua origem e regime de vencimento.
  • Importância: Essencial para definir quem participará do processo. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) já destacou que é uma obrigação do devedor relacionar todos os créditos. A não inclusão de um credor pode permitir que ele continue com sua execução individualmente após o fim da recuperação ( STJ - REsp 1.571.107/DF).

4. Relação de Empregados (Inciso IV)

  • O que é: Lista com todos os empregados, detalhando:
    • Respectivas funções e salários.
    • Indenizações e outras parcelas a que têm direito.
  • Importância: Dar transparência à classe de credores trabalhistas, que tem prioridade no recebimento.

5. Certidão de Regularidade (Inciso V)

  • O que é: Certidão que comprova a condição de empresário regular na Junta Comercial.
  • Importância: Demonstrar o cumprimento do requisito de exercício regular da atividade por mais de 2 anos.

6. Relação de Bens Particulares dos Sócios (Inciso VI)

  • O que é: Uma lista dos bens pessoais dos sócios controladores e administradores da empresa.
  • Importância: Dar transparência ao processo e permitir a análise de eventuais responsabilidades pessoais.

7. Extratos Bancários (Inciso VII)

  • O que são: Extratos atualizados de todas as contas bancárias da empresa e de suas aplicações financeiras.
  • Importância: Mapear a liquidez e as movimentações financeiras da companhia.

8. Relação de Ações Judiciais (Inciso VIII)

  • O que é: Lista de todas as ações judiciais em que a empresa figura como parte, incluindo as de natureza trabalhista, com a estimativa dos respectivos valores.
  • Importância: Dimensionar o passivo contingente e o nível de litigiosidade da empresa.

9. Laudo de Constatação (Inciso IX - Alteração da Lei 14.112/2020)

  • O que é: Laudo de constatação das condições operacionais e da regularidade documental da empresa, feito por profissional independente nomeado pelo juiz.
  • Importância: Embora a lei preveja a nomeação pelo juiz, a empresa pode se antecipar e contratar um laudo preliminar para robustecer seu pedido.

Consequências da Não Apresentação

A apresentação incompleta ou incorreta dos documentos pode ter consequências severas. O juiz pode determinar a emenda da petição inicial, mas a persistência no erro ou a impossibilidade de apresentar um documento essencial pode levar ao indeferimento do pedido de Recuperação Judicial.

Além disso, a jurisprudência do STJ é clara ao apontar que a falta de transparência ou a omissão de informações relevantes pode ser interpretada como má-fé, justificando até mesmo a convolação de uma recuperação já deferida em falência.

Portanto, a fase de preparação documental é um investimento estratégico que aumenta exponencialmente as chances de sucesso do pedido.

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